“GP BRASIL E OS LEILÕES DOS PRINCIPAIS HARAS BRASILEIROS
E UMA VISÃO GERAL DO TURFE NO BRASIL”

Hugo Nieri

Foi sem dúvida uma agradável surpresa o GP Brasil sob os aspectos social e turfístico. Ficou claro que o Turfe Brasileiro ainda dispõe de reservas para se reerguer, apesar de desprezado e ignorado por todos os políticos e autoridades. Ficou demonstrada claramente que a grande crise não é em todo o Brasil, mas em especialmente em São Paulo. O declínio se agravou quando os principais jornais do Rio e São Paulo reduziram as 4 páginas para algumas linhas, evidente por absoluta falta de patrocínio, mas não podemos deixar de considerar o aspecto cultural, enquanto os EUA, a Argentina, o Chile e o Uruguai foram conquistados e ocupados a cavalo, o Brasil com os Bandeirantes foi explorado a pé ou em canoas pelos rios.
Importante recordar a declaração de um dos homens mais inteligentes e corajosos do século XX, Sir Winston Churchill: “nada faz mais bem ao interior do homem que o exterior de um cavalo de raça”.
Nos EUA, país mais rico do mundo, o turfe é uma atividade econômica das mais importantes. Convém ressaltar também que é a maior nação cristã do mundo com predominância evangélica.
O jogo lá transformou uma cidade em pleno deserto na capital mundial do jogo e dos cassinos, criando milhares de empregos e é o maior centro de diversões em shows do mundo com uma arrecadação monstruosa de impostos. Até o presidente é dono de cassinos.
Aqui no Brasil vivemos uma “paranoia religiosa” que até o bingo, um jogo de quermesses especial para viúvas e aposentados, foi proibido.
Quando o turfe apresenta um estado pré-falimentar com público menor que um jogo de futebol da segunda divisão, um movimento de apostas ridículo, e a criação de PSI que é o pilar fundamental para a atividade, tudo isso passa por uma decadência acentuada confirmada pelos dados estatísticos.
A criação em São Paulo foi dizimada, o Brasil cria menos que o Uruguai com apenas 3,5 milhões de habitantes, menos que a Coréia do Sul, Turquia, Chile e muitos outros.
O Governador João Doria, que fala em salvar o Jockey Club de São Paulo, deveria acionar a bancada paulista em Brasília para que nos devolvam a “loteria”, quando nos tiraram o “sweepstake” e nada nos deram em troca. Lutar com a Receita Federal que cobra 15% sobre uma atividade que comprovadamente dá prejuízo. O IPTU cobrado é o mais alto do país, vendemos o patrimônio conseguido sem um centavo de recursos públicos para pagar impostos.
Eu e muitos vimos o mato com 2 metros de altura crescendo no Peão do Prado em Montevidéu. O mato também crescia no meio das arquibancadas de Palermo com as coberturas ruindo, tudo foi recuperado apenas com a liberação das máquinas eletrônicas de apostas, dentro dos hipódromos, tudo sem um tostão de recursos públicos.
O turfe precisa também de uma administração profissional e experiente. Não é mais possível enfiar tudo goela abaixo, fazer uma programação clássica desastrosa, nenhum proprietário ou profissional foi consultado.
O diálogo é indispensável: a pule mínima de R$ 2,00 é ridícula.
Será que uma reunião com os proprietários paulistas que foram correr no Rio com animais lá alojados e treinadores de lá quais todas as razões que determinaram a mudança, será que só pelos prêmios?
Por que São Quirino, Interlagos, Verde, Chesapeake, Galope, João Boyadjian, Springfield, Uberlândia, Red Rafa, Valentim não merecem ser convocados para uma reunião com a direção de turfe, mais os agentes de São Paulo e o jornalista Marcos Rizzon?
Os restaurantes das Sociais mais o Ferro e Iulia estão sempre lotados, vale lembrar que o Jockey é um clube com sócios, porque não cobrar uma entrada pelas corridas de R$ 20,00 - dando um vale pule no mesmo valor para vencedor -, que as moças trocarão por uma pule do número escolhido.
O salão de apostas das sociais lembra que algum asilo ou albergue deixou a porta aberta. Por que não cobrar R$ 10,00 como vale pule para selecionar um pouco a frequência?
Concordo com a maioria dos meus amigos que sem a atual presidência tudo já estaria fechado, mas só falo de turfe e ele está num estado quase terminal.
Amo os cavalos e adoro as corridas. Assistir ao galope dos belíssimos animais e, principalmente, eles desenvolverem um esforço total para a vitória. Isso explica o sucesso do esporte em todo o mundo.

 

 
 
 

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