O CAVALO, O JÓQUEI E O CHICOTE
Donato Guedes (*)


Jóquei (Garret Gomez), cavalo e chicote - um trinômio fundamental - nytimes.com

O Jockey Club Brasileiro (Gávea), em suas últimas deliberações, tem punido de maneira bastante rigorosa o uso abusivo do chicote com a aplicação de multas pesadas e suspensões aos jóqueis que exageram no seu uso.
De parabéns portanto o Jockey lá da Gávea.
Com toda a certeza os dirigentes do Rio concluíram que cavalo e o jóquei não são inimigos, pelo contrário, é através dele que o jóquei ganha o sustento da sua família, logo são parceiros e artistas principais do show, afinal corridas de cavalos é um espetáculo maravilhoso, emocionante e com muita adrenalina.
Vamos portanto torcer para que o nosso Hipódromo de Cidade Jardim siga o exemplo carioca.
Acredito até que possível e provavelmente, talvez o uso exagerado e cruel do chicote seja um favor negativo que leva muita gente a rejeitar o turfe já que para quem gosta de animais, não deixa de ser contraditório o uso abusivo do chicote.
Afinal o animal é o cavalo e não o homem e ele não entende de pules de vencedor, placê, betting, trinca etc.
Vale lembrar que a convivência entre o cavalo e o homem data há milênios nas guerras, no transporte de passageiros, de reis e rainhas, correios, de carga e por último de maravilhosos espetáculos circenses além da equoterapia que consiste na reabilitação de problemas ortopédicos e psiquiátricos, adotado hoje por muitos países.
Na utilidade do uso do cavalo na vida do homem vale ainda acrescentar a produção de vacinas, a fabricação de pinceis com sua crina e rabo, rodeios, vaquejadas, salto de obstáculos nas hípicas, jogos equestres de polo, e por último o turfe, lógico.
E agora um capítulo da maior importância que diz respeito a cadeia produtiva do cavalo desde o haras, leilões de potros e cavalos de cela, adestramento, medicamentos veterinários, fabrica de rações, transportes, jóqueis, treinadores, cavalariços, funcionários, arrecadação de impostos, e lazer, alavancando assim a economia e a criação de postos de trabalho.
Para que eu pudesse abordar este assunto, procurei ouvir alguns dos maiores conhecedores de corridas de cavalos, entre eles Nelito Cunha, um dos melhores jóqueis brasileiros depois de Luiz Rigoni, os treinadores Carlos Soledade, Eduardo Gosik, Amasílio Magalhães, Thiago Haidar, que também é médico veterinário, Augusto Moura (ex-treinador), Marcelo Mota, e por último Benjamin Steinbruch atual Presidente do Conselho de Administração do Jockey Club de São Paulo, que a meu ver fez a melhor avaliação do uso do chicote pelos jóqueis, quando diz: “Sou favorável a moderação, o que em Direito chama-se de o princípio da razoabilidade, pois contrario sensu, se o uso do chicote for reduzido a zero, o jóquei corre o risco de ser punido por falta de empenho.”
Como se vê, como tudo na vida, o bom senso é o melhor caminho para este problema.
Para tanto o Presidente deverá formar um conselho composto por notórios conhecedores do assunto como criadores, proprietários, jóqueis, treinadores veteranos e veterinários.
Se porventura Benjamin entender de seguir o Jockey Club Brasileiro, certamente poderá até aperfeiçoá-lo.

(*) DONATO GUEDES é jornalista, foi o criador e produtor do Homem do Sapato Branco na TV, produtor da Dercy Gonçalves na Globo, Afanásio Jazadji no rádio, e o descobridor do Padre Marcelo Rossi.

  

 
 
 

© 2020 - Jornal do Turfe Ltda.
Copyright Jornal do Turfe. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal do Turfe.