O LEGADO DOS IMPORTADOS NO VENTRE
Marcos Antonio dos Reis Camardella (*) - marcos-camardella@bol.com.br

         Sem dúvida alguma, o grande sucesso da criação dos cavalos de corrida, deve-se ao fato de que os grandes haras precisam construir um plantel de renomadas matrizes.
Além de possuírem reprodutores de grande campanha e régia filiação, alguns dos precursores da criação nacional optaram por importar reprodutoras “cheias” de reprodutores de grande prestígio internacional, cujos produtos obtiveram grande sucesso não só nas pistas como também na reprodução.
Seguindo essa linha de pensamento ousei enumerar alguns dos mais importantes animais importados no ventre que obtiveram sucesso no Brasil.
Infelizmente a relação não é muito grande, mas de muita qualidade.
Como não podia deixar de ser, começamos com MOSSORÓ,  importado pela família LUNDGREN e um filho de KITCHNER, vencedor do primeiro GP Brasil.

HARAS SÃO JOSÉ E EXPEDICTUS

- My Prince (Prince Chevalier e My Lady Ship) - grande ganhador e avô de Duraque (vencedor do GP Brasil). My Lady Chip foi mãe também de Tapuia, reprodutor de sucesso no Uruguai.
- Fastener (Nearco e Fasten) - muito ganhador, pai de bons animais como Silencio - ganhador clássico e avô materno de Aporé (ganhador do GP Brasil).
- Be So Fair (Stravinsky e Be Fair) - boa ganhadora com colocações clássicas. Família de Be Fair e Virginie.

STUD SEABRA

Que mandava suas matrizes para serem cobertas no exterior: Embuche (Le Haar e Embuia) - grande ganhadora clássica e reprodutora de grande sucesso, assim como sua mãe Embuia (Sunny Boy e Emocion), que viria a ser mãe de Emerald Hill; outra ótima reprodutora foi Endwell, que foi à Argentina para ser coberta por Advocate, gerando a craque Encore; Bucarest (Birikil e Bumble Bee) - grande ganhadora clássica e reprodutora de sucesso assim como sua mãe Bumble Bee; o muito bom ganhador Ravel (cuja mãe Radiant Princess, que já havia produzido Radar, foi à Europa para ser coberta).

HARAS MONDESIR

- Regalo (Tenerani e Morazzona) - bom ganhador e reprodutor.
- Porfio (Djebel e Cross Fox) - muito bom ganhador que teve a campanha precocemente encerrada ao ser sacrificado, vítima de acidente em corrida.
- Pando (Pearl Driver e Tihird Programe) - bom ganhador e também reprodutor sem muitas oportunidades, foi pai de ganhadores.
- Quiproquo (The Phoenix e Blue Grass) - grande ganhador clássico e reprodutor clássico. Tríplice coroado.
- Platina (Blue Train e Sister Patricia) - uma das joias da criação nacional. Muito ganhadora clássica, inclusive o GP Cruzeiro do Sul, mãe de ganhador de G.1 (Fiapo).

STUD VICE REY

- Go Drake (Admiral Drake e Chateau Neil Gow) - bom ganhador e pouco aproveitado na reprodução.

HARAS IPIRANGA

- It (Voluntário e Appelling) - muito bom ganhador, apesar de possuir um temperamento difícil. Serviu como reprodutor em Goiás (Haras Brasil Central) e produziu ganhadores, inclusive Broa de Fubá (ganhadora de G.3).
- Berceuse (Galcador e Hypanis) - boa ganhadora e reprodutora. Sua mãe Hypanis foi mãe de ganhadores clássicos.
- Aurora - boa ganhadora e reprodutora de sucesso.
- Tomo a liberdade de incluir aqui Four Hills (Moroni) tendo como nascido na Itália, mas que chegou ao Brasil com dias de nascido, segundo muitos contam, nasceu no navio, que teve toda a campanha no Brasil. Foi excelente ganhador e reprodutor de sucesso.


HARAS SÃO BERNARDO

- Courageuse (Cranach e Fidjet Night) - outra joia da criação nacional. Ganhadora de várias provas de Grupo, inclusive o GP Cruzeiro do Sul e também reprodutora de sucesso. Sua mãe produziu Elu (Teleferique) muito bom ganhador e reprodutor.

HARAS JAHÚ E RIO DAS PEDRAS

- Adil (Epigran e Candid Lover) - outra joia da criação nacional. Ganhador do GP São Paulo e outras provas de G.1. Foi excelente avô materno e pai de excelentes corredoras.

HARAS AMÉRICA

- Florença (Norseman e Ballustrade) - muito ganhadora e reprodutora de relativo sucesso.

HARAS SANTA RITA DA SERRA

- Homard (Caro e Haariella) - muito bom ganhador, inclusive de prova de Grupo. Bom reprodutor. Sua mãe Haariela foi excelente reprodutora.

HARAS ANDERSON

- American Gipsy (Septieme  Ciel e Algenib) - importado junto com sua mãe Algenib, ganhador de provas de G.1.

HARAS NACIONAL

- Hendrix (Honour And Glory e Miss Depressa) - também me permito incluir nessa relação esse excelente corredor de provas de G.1 (2º no GP Brasil) e agora servindo como reprodutor.
Como em toda a regra há exceção, muito poucas tentativas usando esse método fracassaram, mas no conjunto o sucesso foi maior do que o fracasso, uma vez que forneceu muitos ganhadores clássicos e que foram aproveitados e valorizados na reprodução.
Infelizmente essa foi e é uma prática muito pouco usada pelos atuais criadores nacionais.
Me parece uma questão de modismo e de época. Em tempos idos havia uma grande disputa entre os grandes criadores, que disputavam a supremacia do turfe brasileiro.
Foi, sem dúvida alguma, a disputa mais saída em prol da criação brasileira.

(*) Marcos Antonio dos Reis Camardella é proprietário de cavalos de corrida desde 1954.

 

 
 

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